"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Nietzsche

Formspring

sábado, 8 de outubro de 2011

Desabafos

ESTRANHAMENTO 


Cada pessoa que entra na minha vida é como uma obra de arte inscrita em mim. Possuem uma nuance, uma luz, uma música, um cheiro, um jeito particular de chamar, de olhar, de sentir, de ser, quase como uma sinestesia, em que os sentidos se confundem ou fundem, a formar uma singular composição de cores, formas e sons. 

Rupturas, então, ganham um contorno por demais dolorido, pois são mais que um afastamento, uma simples mudança, são fístulas, representam um sacrifício de sensibilidade na tentativa de recompor uma obra de arte... Muito estranho olhar para alguém e não mais ser quem era para você. 


... Mas como recompor uma obra de arte, sem correr o risco de perdê-la para sempre? Sem o risco de se tornar uma cópia sem brilho, um arremedo sempre marcado pela sombra do antes? Na dúvida ou na ausência de fortaleza e energia para tamanha empreitada, fica a obra-pessoa no porão da minha vida, até o dia em que não mais exista como obra de arte, pela ação do tempo, ou torne a existir, de alguma forma, que eu ainda não sei como.
.
Imagem: M.C. Escher. O Olho, 1946.


Música Incidental

Um comentário:

Anônimo disse...

Simplesmente perfeito, Dadai!
Em poucas palavras, uma grande descrição!
Eh uma realidade...