"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Nietzsche

Formspring

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Da série: Desabafos de uma Educadora em Crise


A DESELEGÂNCIA NADA DISCRETA DE TUA MENINA

O que dizer de uma estudante de Direito, da mais rica cidade do Brasil, que no afã de aplacar o seu descontentamento eleitoral se põe a atacar e incitar o ódio para com aqueles que julgou previamente “culpados” pelo seu infortúnio, resgatando a mais nazista das práticas? Demonizar o outro.

Tenho pena de você, Mayara Petruso.

Tenho pena de você... Mas é uma pena sem raivas, nem revanchismo, é uma sincera pena de como, mesmo aparentemente tendo as condições materiais para sermos gente, nos deixamos arremedo de ser humano.

Tenho pena de você que não entende que ser estudante, de Direito(a), da mais rica cidade do Brasil, por si só, não quer dizer absolutamente nada... Daquele mesmo jeito que ser Doutor, Sociólogo, do Sudeste, não faz/fez uma pessoa ser capaz de governar com sensibilidade e vontade de atender os anseios da maioria, minorias historicamente exploradas, estereotipadas, violentadas nos seus direitos mais básicos.

Tenho pena de você que não compreende que ninguém é analfabeto por escolha, mas ignorante sim. Daí a pena ainda maior de você que teve escolha, muitas escolhas, inclusive a de respeitar e entender as escolhas de quem pensa sem o seu crivo e consentimento, e escolheu ser tão pífia, medíocre, me fazendo ver com olhos outros o que seria a tal “deselegância (nada) discreta de tuas meninas”, da célebre música Sampa (para seu descontento) nascida de um nordestino, cujo talento fez o Brasil ver São Paulo com olhos poéticos.

Pena de você, provável desconhecedora do Professor Durval Muniz Albuquerque, e da sua obra A Invenção do Nordeste, na qual poderia ter compreendido como foram forjadas as idéias que você inadvertida e perigosamente reproduz, na ingenuidade imbecil de que uma geografia determina superioridades/inferioridades. Pena, pois não deve ter ouvido Chimamanda Adichie, a fascinante escritora nigeriana, alertar para o perigo da história única, de como a “única história cria estereótipos (... e de como) é impossível falar sobre única história sem falar sobre poder.”

Tanta pena de você que deve ter estudado o nascimento da República, mas não percebeu o desserviço das suas oligarquias para com o nosso país, aquelas oligarquias fundadoras do  clientelismo, do voto de cabresto, da chamada política do Café com Leite, que perverteram o conceito de Res Publica, ao mesmo tempo em que deram mais ainda as costas do Estado brasileiro para o Nordeste, com o consentimento da nossa também obtusa elite latifundiária.

Pena de você intuir que o Bolsa Família, e não uma Bolsa de Valores, possa ser o  fator determinante do futuro do país... Pena pelos seus vácuos, lapsos, lástima, dó, compaixão!...

Muita pena porque fez das suas palavras um jorrar de águas tão fétidas quanto as de um Tietê mortificado no seu curso pelos excrementos da São Paulo, que é tão humana, imperfeita, complexa, como qualquer outro lugar.

Mayara Petruso, faça um favor a SP, mate seu preconceito afogado em leituras amplas e profundas, sobre um Brasil que definitivamente demonstrou não conhecer.

8 comentários:

Kris Khader disse...

Adorei seu desabafo!
Com certeza a estudante não nos conhece, pois vive em um mundo "paralelo", onde a poluição de SP ofusca sua visão. Se ela realmente não aprofundar os estudos, sobre o nordeste, a coitada irá se afogar em seu próprio veneno.

Kris Khader disse...

Adorei seu desabafo!
Com certeza a estudante não nos conhece, pois vive em um mundo "paralelo", onde a poluição de SP ofusca sua visão. Se ela realmente não aprofundar os estudos, sobre o nordeste, a coitada irá se afogar em seu próprio veneno.

Fabiana disse...

Caramba Dai, deu uma aula aí sobre a estupidez humana.
Muito massa mesmo :O

Gabriel Leicand disse...

Muito bom.
Cada vez mais podemos ficar descrentes com a humanidade e para onde ela está caminhando...

Eva Rocha disse...

...e eu, tenho orgulho de termos pessoas corajosas como você, ainda mais na Educação, que anda tão sacrificada... Um beijo de outra educadora e nordestina...

Nívia Maria Vasconcellos disse...

Dai... sem palavras... Quando olha para você, sei, indubitavelmente, que estou diante de uma verdadeira EDUCADORA.

Edith disse...

Me permita metaforizar...palavrear..."Desaforo merecido" de publicação na mídia jornalística!!
Adorei, Dai!

Anônimo disse...

oi professora sei que a senhora não vai ler meu comentário, mas eu vou me identificar.
aqui quem escreve é o seu aluno marista Danilo soares cardel (maldita falta de pratica para escrever no computador)bom aqui vai o comentário:
essa paulista racista, misogina e (pior de tudo) estudante de direito não sabe o que é brasil, e provavelmente foi criada na base da manha com o papaizinho dando tudo que ela pedia e o pior é que foram os pais que enfiaram essa consciencia ou falta de consiencia na cabeça dela como diria Bertrand bresch "falam que o rio é violento mas não dizem violentas as margens que o comprimem".