ARIETE
Gosto da força da sua brandura
E do silêncio que grita
Não gosto quando, na condicional,
Você me interdita
Dizendo que qualquer coisa te cansa
Não tenho que ser passista,
Ter cartola de mágico, ser malabarista
Para te entreter
Talhando-me a seu contento
Como arremedo de outro ser
Eu sou, como tu és,
Como ele é
Como nós somos
E como todos deixaremos de ser
Pelo tempo, um dia.
Salvador, 21/11/2012
Imagem: Ariete Medieval - Knight, Charles: “Old England: A Pictorial Museum” (1845) - Attack on the Walls of a besieged Tower (Ataque contra as paredes de uma torre cercada).
Um comentário:
Não sei se elogio (porque está muito bonito, poético, de uma sensibilidade tamanha), se acho graça ou faço pirraça...rs Posso fazer tudo? Ou nada? Posso! Posso dizer que, por vezes, o cansaço não é material e sim "espiritual". Tem a ver com angústia, com normalidade, com necessidade, com incompletude... Nada que "malabarismos" ou simples gestos possam resolver. Vai continuar faltando. E é justamente a falta que fala, que grita, não se cala, através do silêncio. Esse é incômodo. Enfim... Se alguém gosta ou desgosta é indiferente (a pirraça), tanto faz. O interessante é a provocação: tirar do estado etéreo, calar e não suportar o silêncio alheio (a graça), não é? E, no final, tudo vira poesia!
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