"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Nietzsche

Formspring

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Desabafos de Uma Educadora em Crise

SOBRE O CARNAVAL DE SALVADOR

Uma primeira observação é que o carnaval de Salvador não é o carnaval da Bahia, apenas uma das suas formas. 

Segundo, no carnaval da capital baiana imperam duas forças, a física e a econômica. O jeito de dançar é  (grande parte das vezes) agressivo, e quando você busca "fugir" da desproteção, você é extorquido pelo preço de um bloco ou camarote que apenas reproduzem os muros da desigualdade social. 

Os/as considerados/as párias puxam as cordas dos/as que podem pagar, entregando-os/as sãos/ãs e salvos/as no final dos circuitos, para depois cuidarem das próprias mãos em chagas vivas. Mãos semelhantes à do Cristo crucificado!

Aqui em Salvador pecamos em roubar a essência do carnaval, festa cuja mágica é poder ser quem você quiser, driblando a rigidez dos papéis exercidos socialmente. Nele você pode voltar a ser criança, pode trocar de papéis de gênero sem sofrer preconceitos, pode se vestir de rei e rainha! 

Neste caso, no entanto, não adianta fantasia para ser rei, nem majestade para ser rainha ou princesa! O sapatinho de cristal custa pesado e não expira meia noite, segue pelos dias de folia ditando quem serve e quem é servido.

Por isso, apesar das críticas ao modelo e tentativas de democratização, o carnaval de Salvador há muito deixou de ser valioso, para ser apenas caro! Caro demais para quem acredita na fantasia de todos e todas felizes, curtindo a mesma folia!

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