AS ASAS, O ASSOMBRO E O ESQUECIMENTO
Era mais um vagaroso dia, bem ao ritmo dos interiores minúsculos destes sertões. Ao longe um barulho começava a chamar atenção dos ouvidos ávidos por novidades. Era um flap flap longínquo, podendo até ser o farfalhar de bananeiras, mas não havia nem próximas e nem em quantidade suficientes para o agora frenético e crescente barulho, vindo em nossa direção.
Eu, meu irmão e meu primo nos entreolhamos espantados e cientes do extraordinário, dando um pulo para fora de casa, buscando lá nos ares até encontrar a razão do nosso espanto: Um incrível helicóptero cortava os céus de Ribeira! Agora, porém, já não éramos apenas três, porque de todas as casas e de todas as ruas, bem como de todas as idades e sexos, víamos correr pessoas tentando acompanhar o surreal objeto. Olhando para o alto, para não perdê-lo de vista, e olhando para os lados, para não esbarrarmos uns nos outros, devemos ter causado nos pilotos o mesmo espanto que eles estavam nos causando.
Era gente por todo lado, quebrando o cenário invariavelmente vazio dos dias comuns, da cidade simples e invisível. Mas aquele não era um dia comum, porque além de voar por sobre as nossas cabeças um enorme helicóptero, a geringonça alada decidiu pousar, escolhendo o campo da cidade para descer de maneira verdadeiramente apoteótica! Quando ele finalizou a decida, você olhava ao redor do campo e tinha muito mais pessoas do que no mais importante de todos os jogos, em todos os tempos.
O campo era localizado no atual centro de abastecimento, e enquanto aguardávamos o desenrolar da história, silentes e respeitosos com o desconhecido, atrás das quatro linhas, Dona Zelina rezadeira, figura alta, magra, vestida com roupas de chita colorida e lenço no cabelo, com a sua coragem etílica, se dirigiu até a aeronave, com as hélices ainda em movimento, fazendo descer preocupado um dos pilotos, para levá-la de volta.
Depois disso ele entrou novamente na cabine e voaram sem maiores explicações! Até hoje não sabemos o que eles vieram fazer por aqui, mas decerto a visita nos deixou com assunto para falar por muito tempo, ajudando a preencher os espaços entre os ponteiros dos relógios, sempre tão lentos! Na minha cabeça de menina, porém, durante toda a aventura tive esperanças de que aquela aeronave tinha vindo nos livrar do esquecimento, talvez como muitos que ali estavam. Mas seria extraordinário demais que isso fosse verdade.
Era gente por todo lado, quebrando o cenário invariavelmente vazio dos dias comuns, da cidade simples e invisível. Mas aquele não era um dia comum, porque além de voar por sobre as nossas cabeças um enorme helicóptero, a geringonça alada decidiu pousar, escolhendo o campo da cidade para descer de maneira verdadeiramente apoteótica! Quando ele finalizou a decida, você olhava ao redor do campo e tinha muito mais pessoas do que no mais importante de todos os jogos, em todos os tempos.
O campo era localizado no atual centro de abastecimento, e enquanto aguardávamos o desenrolar da história, silentes e respeitosos com o desconhecido, atrás das quatro linhas, Dona Zelina rezadeira, figura alta, magra, vestida com roupas de chita colorida e lenço no cabelo, com a sua coragem etílica, se dirigiu até a aeronave, com as hélices ainda em movimento, fazendo descer preocupado um dos pilotos, para levá-la de volta.
Depois disso ele entrou novamente na cabine e voaram sem maiores explicações! Até hoje não sabemos o que eles vieram fazer por aqui, mas decerto a visita nos deixou com assunto para falar por muito tempo, ajudando a preencher os espaços entre os ponteiros dos relógios, sempre tão lentos! Na minha cabeça de menina, porém, durante toda a aventura tive esperanças de que aquela aeronave tinha vindo nos livrar do esquecimento, talvez como muitos que ali estavam. Mas seria extraordinário demais que isso fosse verdade.
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