EDUCAÇÃO x CULTURA DO ESTUPRO
Quando escolhi ser professora o fiz por acreditar no poder da reflexão para, dentre outras coisas, descondicionar as pessoas daquilo que lhes introjetaram desde a infância, mas faz mal para a convivência humana, como o racismo, a homofobia, a misoginia e todos os muitos preconceitos que tornam um ser refém do ódio que lhes ensinaram a ter.
Ouvir uma notícia ferina como o estupro coletivo praticado contra uma menina/mulher, só reforça o entendimento de que a minha incansável prática reflexiva como professora precisa continuar e ser ampliada, para lutar contra a violência de uma sociedade que glorifica a posse do corpo feminino pelo masculino, cujo discurso onipresente se materializa em falas como as de Bolsonaros, Alexandres Frota, Rafas Bastos e afins.
Porém não percebo que como professoras e professores, façamos isso de maneira sistemática, como exige a gravidade de ser a violência contra nós mulheres, um fenômeno social. Na contramão disso, ainda aqui e ali ecoam piadas e repetições de estereótipos de gênero, que apenas reforçam uma cultura preconceituosa, incluindo nela a cultura do estupro. Nesta guerra, há muitos/as de nós aguerridos/as, outros/as tantos/as não.
Tenho talvez a ilusão, a utopia, de que homens como os que estupraram a menina no Rio, poderiam não ter trilhado este caminho, se ao longo das suas vidas o condicionamento feito pelo machismo entranhado no pais, tivesse sido combatido desde a mais tenra idade, nas escolas brasileiras.
Por isso escrevo para pedir a cada um de nós:
Que possamos fazer da nossa prática docente um instrumento constante de cidadania e humanidade, problematizando em sala comportamentos preconceituosos.
E que JAMAIS sejamos nós, educadores e educadoras, reprodutores/as das imagens mantenedoras da misoginia que levou e leva tantos homens, que em algum momento foram nossos alunos, a extrapolarem monstruosamente o conceito de ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário