"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Nietzsche

Formspring

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Desabafos de Uma Educadora em Crise

O PRECONCEITO CONTRA O NORDESTE E A "BURRICE* DE SÃO PAULO"

O mal do sabido é pensar que todo mundo é besta, diz um ditado bastante conhecido, no Nordeste. Nordeste que vem novamente sendo alvo de ataques por parte do alguns eleitores, principalmente do sudeste (eminentemente São Paulo), devido ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais. Segundo estas pessoas, da ala preconceituosa da sociedade, somos burros, votamos errado, mas a questão é: ERRADO DE ACORDO COM O QUÊ?

Por que o Nordeste tem que votar maciçamente no PSDB, um partido do Sudeste? O que o PSDB fez pelo Nordeste? O que o Sudeste já fez pelo Nordeste? 

Eu sei o que o Nordeste já fez de bom pelo Sudeste, mas lamentavelmente o que o Sudeste fez pelo Nordeste, foi um sistema de exploração montado em cima do aparato do Estado brasileiro. Quem lembra do que foi a política do Café-com-Leite? Quem sabe da sangria dos cofres públicos, para garantir o lucro da elite paulista e mineira? Em última análise, quem fez o que pelo Brasil? 

Saibam, historicamente o Nordeste não tem motivo para reverenciar candidatos do Sudeste. Digo isso com a propriedade de quem nasceu numa das cidades mais carentes do Brasil, a 24ª mais carente nos anos 1990, segundo a ONU, que hoje não mais vê nas suas retinas as cenas do abandono de outrora. Na minha cidade os projetos federais dos últimos anos mudaram a paisagem, a vida das pessoas, é um fato. Tomo tal realidade como sintomática de um país. 

Lembro, por exemplo, quando estudava e os meus colegas vinham a pé, para a escola, depois em veículos precários, mas o que temos hoje? Um programa que leva ônibus novos e adaptados, para o transporte escolar, levando milhões de estudantes todos os dias pelas estradas do Brasil. Lembro quando usávamos candeeiro, ao visitar a casa de vovô, que hoje conta com energia elétrica, assim como com água encanada na sua porta. 

As casas da minha cidade, como mudaram as casas, antes chegava a ver edificações de barro, hoje olho e me encanto com as casas dignas que puderam ser construídas, por muitos brasileiros, a partir do momento em que o Estado olhou um pouco pelos até então invisíveis da sociedade. Casas feitas com recursos particulares e outras tantas feitas pelo governo.

Fora isso, temos dentista, psiquiatra, médicos cubanos atendendo nos locais em que médicos brasileiros não desejam ir. Tenho ex-alunos fazendo faculdade federal, filhos de pequenos agricultores, garis, primeiros a alcançarem uma graduação nas suas famílias. Tenho outros que estudam pelo Prouni, pessoas que não foram eliminadas pelo preço do vestibular e distância das provas, porque agora são inscritos gratuitamente no colégio, através do ENEM.

Portanto, estou farta desta balela míope dos sabidos que pensam estar lidando com bestas. O Partido dos Trabalhadores empreendeu mudanças significativas no nosso país, abraçou o Nordeste, o que incomoda a uma parcela letrada, porém ignorante, a uma elite acostumada a ter o Estado apenas para si. Portanto, “burros” seríamos se não votássemos em quem olhou pela nossa Região, para satisfazer eleitores que sentem raiva exatamente disso. “Burros” são os paulistas preconceituosos que não querem sair do pedestal montado em cima da exploração do nosso país.

Para finalizar, tudo isso quer dizer que o PT é perfeito? Claro que não. O PT é humano, falível, composto por pessoas, mas como nenhum outro partido fez uma política social significativa, reconhecida por organismos internacionais isentos, que vejo a olho nu nas entranhas do Brasil Profundo. 

Desta forma meu voto é em Dilma! 

... E quanto mais arrogância, prepotência e preconceito para com o Nordeste, mais certeza tenho do quanto estou certa. 

É 13, é Dilma, é Nordeste, é Brasil! 

*Apesar de discordar da metáfora, pinço o termo por ser uso recorrente nos ataques.

Um comentário:

Jorge Damasceno disse...

Queria ter escrito este texto, querida Daiane! Mas estou satisfeito por você o ter escrito!