A ONÇA, O DIPLOMA E O SISTEMA
De vez em quando, nas aulas de Ribeira, problematizo com as turmas sobre como todo conhecimento é importante. O conhecimento dos livros é importante, o do vaqueiro, do caçador, do pedreiro, do agricultor. Peço para imaginarem, por exemplo, uma pessoa perdida no meio da floresta, na mão porta o seu diploma de graduação e na frente encontra uma onça. A onça se compadecerá da situação, se a pessoa mostrar o diploma para ela e explicar o valor daquele papel?
... Entre risinhos respondem que não. Continuo a reflexão perguntando se o caçador saberia se virar na situação, e a resposta é de "claro que sim". O conhecimento do caçador, naquele contexto, é muito mais adequado às necessidades do que o conhecimento acadêmico. Continuo com outros exemplo, para reforçar o quanto todas as formas de conhecimento são válidas, são importantes, são dignas e merecem o nosso respeito.
Entretanto, a minha preocupação de sempre com a juventude ribeirense, é que vivemos um contexto histórico cuja vasta floresta é de letras, números e conhecimento especializado. Para "sobreviverem" nesta época, sem sofrerem com a exploração absurda do sistema, precisam estar munidos daquele papel/diploma que a onça ignoraria, mas que se torna uma espécie de garantia contra outros tipos bem mais perigosos de feras. E são muitas feras soltas por aí.
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